Punição a pais reduziu xingamentos a crianças no futebol, relata FPF
Diretor da entidade, Fábio Moraes, afirmou que medida surtiu efeito, e, no retorno deles, o comportamento melhorou
Por | Publicado em: 29/10/2025 08:55:35 | Fonte: Revista Oeste
Em 144 jogos das categorias de base do futebol paulista, o silêncio foi terapêutico. Os meninos das categorias sub-11 e sub-12 se sentiram mais livres. Arriscaram. Jogaram de maneira compatível com a idade deles.
Da forma como é o futebol desde sua essência, seja ele profissional, seja praticado por crianças: uma brincadeira, séria, mas uma brincadeira. Não um campo de gladiadores que buscam a vitória a qualquer custo, conforme os pais exigiam lá das arquibancadas e que motivou a punição imposta pela Federação.
A direção da Federação Paulista de Futebol (FPF) se sentiu obrigada a ir além da retórica. Tudo por causa das constantes ofensas dos pais aos garotos, repletas de xingamentos homofóbicos, gordofóbicos, ameaças, que caracterizam em grande parte o momento complicado em que a sociedade se encontra. A recomendação veio do Tribunal de Justiça Desportiva.
A decisão de impedir os pais de entrarem nas rodadas 16 e 17 do campeonato surtiu em grande parte o efeito desejado. Junto com a medida, a entidade divulgou um vídeo, que se encaixou à já existente campanha — Ódio + Futebol, com depoimentos dos meninos.
“Não é legal xingar uma criança. Fiquei triste. Até chorei”, disse um deles.
Com as ações, a quantidade de xingamentos diminuiu muito, conforme afirma a Oeste Fábio Moraes, diretor-executivo de competições da entidade.
“O fechamento dos portões e a campanha Pais de Castigo cumpriram o papel de provocar reflexão e mudança de comportamento”, diz o dirigente. “A resposta que recebemos de clubes, comissões técnicas e famílias — inclusive de fora do futebol — demonstra que a medida foi compreendida como educativa.”
FPF e a conscientização
Em vez de alunos ou crianças diante dos treinadores, que exigem bom comportamento, eles são os que foram “enquadrados.”
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Não foram todos, porém, que se conscientizaram. Houve ainda um caso de racismo, criticado pelo dirigente.
“Mesmo diante de um episódio inaceitável e repugnante de racismo que envolveu uma criança, é possível notar maior controle nas arquibancadas e uma atuação conjunta mais madura entre clubes e responsáveis”, relatou Moraes.
Conforme ele diz, o trabalho tem que ser constante. Trata-se de uma partida a ser jogada a cada dia. “Precisamos garantir que o ambiente do futebol de base seja seguro, formativo e pautado pelo respeito.”